Vozes de gaja #16 - Michelle Gurevich

by - sexta-feira, fevereiro 09, 2018


A Michelle apareceu-me nas sugestões do Spotify, que como sabe que gosto pouco de ouvir gajas, apenas me sugere as melhores. Michelle é uma das melhores. Imediatamente fez-me lembrar uma versão feminina do Leonard Cohen, e só pela lembrança saudosa do falecido já me soube pela vida. Não se pode dizer que a sua voz é rouca, mas também não é limpa nem cristalina - se o fosse não estaria aqui a ser mencionada. É assim para o entaramelado, ali algures entre o estar bêbeda e num estado medidativo, mas atento, com algo de masculino.

As suas músicas são simples, a atirar para o melódico e carregadinhas de uma melancolia dark apenas impulsionadas por teclado, guitarra e sintetizador, num estilo a que chamam slowcore rock e lo-fi pop. Ela, no seu site, diz-nos que as suas canções são trágico-cómicas, melódicas, sentimentais, e com uma sombra de glamour. Caracteriza o seu mais recente álbum como mantendo a tradição do realismo negro combinado com humor em baladas íntimas entregues com letras cortantes e fatalistas. Vá, eu concordo com tudo.

Pelos vistos a senhora é bastante conhecida na Europa de Leste. Ela é Canadiana, mas os seus pais são emigrantes russos e, tendo o Russo como primeira língua, admite que as suas maiores influências são de lá. Até emprestou as suas músicas a alguns filmes feitos no Leste. O seu background até é cinematográfico - trabalhou 10 anos como realizadora antes de enveredar pela música. Este gosto pela imagem está patente nos seus trabalhos, nos videoclips, nas capas dos discos, nas fotografias.

Esta "Party Girl" foi a tal música que me apareceu primeiro no Spotify e que me levou a entrar no estranho mundo de Michelle. Teve uma capacidade imediata de me acalmar, e só por isso é de valor.

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