Mentalidades de merda

by - segunda-feira, janeiro 20, 2014

Um dos assuntos do dia é a co-adopção por parte de casais homossexuais. Já nem falo da hipótese de existir um referendo -  gastar os milhões dos contribuintes para referendar um assunto do foro privado é tão ridículo que nem merece comentário. Choca-me, logo à partida, sermos tão pequeninos que precisemos de levar o assunto à decisão de terceiros.

Não percebo qual é o problema dos casais homossexuais adoptarem crianças. Sim, é diferente ter dois pais ou duas mães em vez do casal tradicional, e então? Qual é o medo de dar um lar a uma criança que tanto necessita dele? Qual é o medo de dar amor, afecto, carinho, um tecto, a uma criança? Têm medo que se pegue? Que o exemplo seja mau? É que não consigo entender como ter dois pais ou duas mães seja pior do que não ter nenhum, andar em casas de acolhimento até à idade adulta e serem expulsos por falta de espaço ou por desvio social.

Se o medo é que as crianças sejam gozadas na escola, eis a novidade em primeira mão: elas são gozadas por tudo. Por serem gordas, usarem óculos, serem adoptadas, pertencerem a uma etnia, deficiência física, por não serem boas em desportos ou em relacionar-se, por terem qualquer diferença. O que vamos fazer em relação a isso? Criar escolas só para ciganos, negros ou filhos de homossexuais?

O que precisamos fazer é trabalhar as mentalidades e tratar a mesquinhez e pequenez deste país. Seremos sempre menores que os outros enquanto não formos abertos e aceitarmos que já não vivemos no tempo dos nossos avós. Temos de aceitar as diferenças, para que os nossos filhos e netos também as aceitem, sejam elas quais forem. Temos de ajudar os outros e estender-lhes a mão em vez de apontarmos o dedo. Temos de querer o melhor para as crianças e educá-las para serem tolerantes e aceitarem os outros como eles são. Entendo que estamos a anos-luz disso. Quando vejo jovens da minha idade com "paneleiro" ou "gorda de merda"  na ponta da língua constato com tristeza que ainda vamos demorar muito, muito tempo, a sair da escuridão.


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