Inevitável

by - quinta-feira, março 17, 2011



"(O Amor) É inevitável, faz parte da combustão da natureza, é força, mar, elemento, água, fogo, destruição, é atmosfera, respira-se, quando se morre abandona-se, o amor deixa, fica isolado, é um elemento, come-se, bebe-se, sustenta pão, pão diário para rico e pobre, pão que ilumina o forno do amassador, aparece nas condições mais estranhas, bicho que nasce, copula dentro de si mesmo, paira, espermatozóide e óvulo, as duas coisas ao mesmo tempo, amor é assim outro elemento fundamental da natureza, as pessoas vivem tanto com o amor, ou tão alheias do amor, que nem notam, raro percebem que o amor existe, raro percebem que respiram, que a água está, é indispensável, ninguém pode viver alheio aos elementos, ao amor."

Ruben Andresen Leitão, in 'Silêncio para 4'



Não paramos muito para pensar no amor, e ainda bem. Caso contrário, estaríamos sempre parados. Ele rodeia-nos e move tudo o que vemos, como método de combustão fácil e económico, face aos tempos em que vivemos. Estamos a falar das formas mais simples de amor. Pelos amigos, pela nossa casa, pelo que fazemos, pelos nossos hobbies, pelos animais, pelos objectos da nossa preferência. É o gostar que nos faz mexer e levantar da cama. Nem que seja para realizar um trabalho que não gostamos, mas que nos permite chegar àquilo que gostamos. Todos os caminhos vão dar aos pequenos amores que nos alimentam a vida. Desenganem-se aqueles que se auto-intitulam frios e desprendidos do amor: estão envolvidos nele tal como todos os outros, embora não o reconheçam. E eu também sou assim. Sempre disse que não, mas estou tão metida nas teias dos meus pequenos e grandes amores que tenho de reconhecer: sim, sou uma vendida.

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